ANALISANDO OS EXCREMENTOS DE SUA AVE
A cor e consistência das fezes nos ajudam a
observar a saúde das aves no que se refere ao sistema digestivo. O normal são
excrementos constituídos de urina (a parte líquida, não cristalizada), uratos
(material branco cristalizado) e fezes (material consolidado, seco, de cor
verde a amarronzada, resultante da comida digerida), sem mau cheiro.
1) Fezes
A cor das fezes varia muito com a dieta das
aves. Pellets vermelhos e frutas vermelhas podem tornar as fezes vermelhas (e
não a urina!). Sementes e vegetais verdes produzem fezes verdes. Amoras podem
tornar as fezes pretas.
As fezes devem ser sólidas e tubulares,
enroladas ou não, particionadas ou não. Elas não devem cheirar mal; quando isso
ocorre, pode ser sinal de infecções bacterianas.
A diarréia geralmente é uma resposta do
organismo a doenças, toxinas ou bactérias prejudiciais, mas pode também ser
causada pela dieta, como verduras, hortaliças, frutas cítricas e certos
alimentos. A diarréia não é um excesso de urina nos excrementos, e sim material
fecal em formato não tubular, com consistência mole a totalmente líquida (nos
casos mais severos). Conforme a composição desta parte mais líquida, que pode
incluir muco (secreção produzida pelas células intestinais), sangue etc, o
aspecto se altera. Com isso, temos pistas que ajudam a reconhecer a doença
causadora.
Veja o significado das cores das fezes ou
diarréia:
Amarela: deve-se à má absorção e digestão dos
alimentos por problemas no pâncreas ou fígado.
Esbranquiçada: deve-se a excesso de urato
causado por problemas nos rins.
Esbranquiçada e gordurosa: inflamação no
pâncreas.
Escura: pela presença de sangue coagulado e
digerido, originário de sangramento no sistema digestivo superior.
Vermelha: devido a sangue vivo (ainda não
coagulado) vindo de sangramento no sistema digestivo inferior, cloaca ou
oviduto.
2) Urina
Uratos verdes ou amarelos: doença do fígado ou
anorexia
Uratos marrons: envenenamento por chumbo
Uratos ou urina vermelha: sangramento interno
Aumento na quantidade de uratos: desidratação
ou problemas nos rins
Aumento na quantidade de urina: aumento da
ingestão de água ou comida com alto teor de água.
3) Problemas que afetam o sistema digestivo
Veja agora alguns dos sintomas mais comuns
relacionados a problemas que afetam o sistema digestivo. Em geral, vêm
acompanhados de outros sinais comuns a todas as doenças, como apatia e perda de
apetite.
Fezes amolecidas, com sangue, mal cheirosas e
escorridas: São sintomas de Inflamação Intestinal. O sangue é proveniente de
hemorragias causadas pela destruição de células intestinais. A região da cloaca
fica constantemente suja, o corpo tenso e as penas eriçadas. Pode ser causada
por alimentos embolorados, mais comuns em épocas quentes, parasitas e
microorganismos. Nestes casos, aparece febre. Através de exame determina-se a
causa e o veterinário indica um antifúngico, um antiparasitário ou um
antibiótico. Outra causa, bem mais rara, é envenenamento por tinta devido a
bicar superfícies pintadas, como a parede na qual a gaiola fica encostada ou o
próprio cromado e dourado habitual da gaiola, havendo queda da temperatura
corporal em vez de febre. Para curar o envenenamento, usa-se soro, glicose,
sulfato de atropina ou antídoto, dependendo do tóxico.
Diarréia ligeiramente amarelada, febre com
tremores e pulos de um lado a outro, pequenas verrugas na cabeça e dedos: Estes
sinais indicam Difteria, conhecida também como Varíola ou Bouba. É causada por
um vírus (poxvírus) altamente resistente ao calor e a desinfetantes, mesmo os
mais fortes. É muito contagiosa. Em uma segunda etapa causa úlceras na boca,
traquéia, pulmões e aparelho digestivo e, por isso, a diarréia ganha uma
coloração avermelhada ou escura. Cura-se com antibióticos e dá-se vitaminas
para ajudar a cicatrização das úlceras.
Diarréia amarelo ocre, às vezes com sangue
vivo, mal cheirosa, penas arrepiadas, mais apetite e sede: Sinalizam
Colibacilose que atinge principalmente aves com baixa resistência. O micróbio
Escherichia coli, que a causa, é transmitido pela água, alimentação e fezes.
Toma, através da corrente sangüínea, os sistemas digestivo, respiratório e
reprodutivo, inflamando o oviduto (Salpingite) e causando, com isso, o aumento
do volume abdominal e dificuldade de evacuação. Inflama também articulações,
gerando atrite, fazendo a ave recolher o membro e, eventualmente, bicar o local
inflamado. Se a doença atacar com violência pode causar morte rápida.
Diarréia esbranquiçada com sangue, ofegar,
febre, penas arrepiadas, pulsação acelerada e gemidos de dor: Indicam
Salmonelose, também chamada de Paratifo. O contágio é alto. Dá-se através das
fezes de pássaros doentes ou de sementes e verduras contaminadas por essas
fezes, com mais freqüência em aves debilitadas. Se a mãe, ou outro pássaro que
estiver na gaiola com os filhotes, pegar a doença, pode ter certeza - os
filhotes também a pegarão. Cura-se com antibiótico, fornecendo bastante água e
desinfetando as gaiolas e poleiros usados pela ave doente. A doença atinge,
além do sistema digestivo, o sistema reprodutivo e, com menor freqüência, o
respiratório, através da circulação do sangue. O índice de mortalidade é alto.
Diarréia escura e fraqueza: Pode ser indício
de Coccidiose, causada por um dos seguintes protozoários: Eimera sp e Isospora
sp. Uma ave saudável e bem alimentada resiste bem ao ataque desta doença, que
pode ser controlada com coccicidas ou coccidiostáticos. Mas o pássaro com baixa
resistência corre o risco de morrer em poucos dias, devido à desidratação e
perda de apetite causadas pela diarréia. O diagnóstico é feito por exame de
fezes.
Diarréia verde com sangue, tremores, desmaios
e convulsões: A Psitacose, também chamada de Ornitose ou Febre de Papagaio, é
uma doença grave que ataca papagaios, periquitos, araras e outros psitacídeos,
causando comprometimento do fígado, dificuldade respiratória, conjuntivite e
sinusite. Pode ser pega também pelos humanos, que ficam com febre, dores em
articulações e mal estar. Por isso, em caso de suspeita, não toque na ave, nem
na gaiola e mantenha-a isolada em enquanto o veterinário não vier. O microorganismo
que causa só é detectado por exame de laboratório. É curada através de
antibióticos, tanto nas aves como nas pessoas.
Abdômen saliente, fraqueza, diarréia
esverdeada às vezes com sangue, eventual incoordenação motora: São indícios de
Toxoplasmose ou Lankesterella, doenças raras em aves de cativeiro, provocadas
por protozoários que destroem células do fígado, que fica inchado. São doenças
graves pois causam lesões irreversíveis no sistema nervoso. Atacam
especialmente filhotes. São de cura difícil. Quando no início, pode-se tentar
tratamento com antiprotozoários. Ocorrem mais em Pombos. A toxoplasmose é
transmissível ao homem, porém nunca pelo contato com ave doente, mas apenas
pela ingestão se sua carne, se não estiver bem cozida.
Pernas encolhidas, necrose dos dedos, eventual
diarréia, dificuldade de respirar e penas arrepiadas: Significa Estafilococose,
doença causada pela bactéria Staphylococus sp. Inicia com pequenas lesões, na
forma de abscessos na planta dos pés, surgindo a dificuldade de pular de um
poleiro ao outro devido à dor - a ave mantém a perna constantemente encolhida.
Percebe-se um aumento de volume nas articulações (juntas dos ossos, dos dedos e
das pernas). Em seguida, as lesões atacam os dedos, que ficam escuros e sem
movimentação devido à necrose e podem cair. É possível a doença avançar ao
aparelho digestivo e respiratório. Neste caso, acrescentam-se os sintomas
diarréia, dificuldade de respirar e penas arrepiadas. Em pouco tempo a infecção
pode se generalizar e causar a morte. A contaminação se dá por via digestiva ou
através de feridas. Cura-se com suplementação vitamínica, pomada anti-séptica e
antibiótico.
Mãe com peito molhado em conseqüência da
diarréia dos filhotes: É a chamada Diarréia de Ninho, que atinge filhotes de
várias espécies e que, se não for curada de imediato, pode transformar-se em
uma enterite, inflamação do intestino que é a principal causa de morte de
filhotes. A causa mais comum é a alimentação imprópria que deve ser eliminada
logo. Outra possibilidade é uma reação ao ataque de parasitas como sarna,
piolho e ácaros, que diminuem a resistência orgânica e com isso provocam a
diarréia. Deve-se logo eliminar as parasitas com uma limpeza rigorosa da gaiola
e do ninho e uma lavagem com Cândida. A seguir, coloca-se piolhicida atóxico no
ninho para eliminar os parasitas que ficaram na mãe e nos filhotes. O molhado
do peito da mãe, popularmente chamado de suor, na verdade é própria diarréia
dos filhotes devido ao contato físico (as aves não têm glândulas sudoríparas).
Magreza com tristeza, eventual diarréia com
muita água, estrias de sangue e alimento mal digerido: Pode ser sinal de vermes
de vários tipos, que atacam o aparelho digestivo ou o respiratório. É preciso
identificar o tipo de verme, por exame de fezes, para saber o remédio adequado
e aí obter a cura. Aves que pisam no chão são as mais sujeitas.
Vômito, penas arrepiadas, perda de peso
progressiva, eventual diarréia: Esta doença atinge os sistemas respiratório e
digestivo. O papo fica com uma substância líquida, expelida no vômito. Há
dificuldade ingerir alimentos, às vezes diarréia e pequenas placas
esbranquiçadas dentro do bico. A Candidíase é causada pela levedura Candida
albicans que se prolifera no aparelho digestivo. Atinge aves com baixa
resistência. Em caso de dúvida, um exame de fezes permite o diagnóstico.
Cura-se com antifúngicos.
Olhos fechados, diarréia, prostração que faz
encostar o bico no chão: É a Doença de Pacheco, descoberta em 1930 pelo
veterinário Genésio Pacheco, causada por um vírus do grupo herpes que se
encontra no ar. Ataca o sistema digestivo, além do respiratório, quando há
grande baixa de resistência. Só com um exame sofisticado, feito por poucos
laboratórios, pode ser confirmada. A cura é muito difícil devido à fraqueza da
ave, mas é tentada com imuno estimulantes e complexos vitamínicos.
Autora : Wanessa Cristina de Lima